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Theodor Koch-Grünberg


O "descobridor" de Macunaíma



<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Macuxi, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Yanomami (Schirianá), c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Ye’kuana, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Ye’kuana, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Ye’kuana, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Ye’kuana, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Macuxi, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang e Makuxi, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Taurepang, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Wapixana, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Ye’kuana, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Ye’kuana, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Ye’kuana, c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Yanomami (Schirianá), c.1911-1913<br/> In Koch-Grünberg, 1923<br/> Acervo Arquivo Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Tukano, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Tukano, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Tuyuka, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Bará, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Tuyuka, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Uanan [Kotiria Wanana), c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Uanan [Kotiria Wanana), c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Uanan [Kotiria Wanana), c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Makuna, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Desana, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Kobeua-Hahanaua, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional <br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Kobeua e Koroa, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional<br/> <br/> THEODOR KOCH-GRÜNBERG<br/> Kobeua, c.1903-1905<br/> In Koch-Grünberg, 1906<br/> Acervo Biblioteca Nacional

Notório principalmente pelos seus relatos de viagens e pelas etnografias de etnias indígenas que realizou no Brasil no início do século XX, Theodor Koch-Grünberg foi também um experiente fotógrafo, além de um dos pioneiros no uso de recursos cinematográficos e fonográficos em pesquisas de campo.

Theodor Koch nasceu na cidade alemã de Grünberg em 1872 e formou-se em filologia. Através do periódico popular especializado em relatos de viagens Globus, o recém licenciado professor de latim e grego soube que o conhecido etnógrafo e explorador Hermann Meyer procurava um especialista em linguística comparativa para sua expedição ao Alto Xingu. Em 1898, integra a expedição como responsável pela parte linguística e como fotógrafo.

Dois anos depois, após publicar um artigo etnográfico, Koch-Grünberg (que a essa altura já incorporara o nome de sua cidade natal a seu sobrenome) é convidado para trabalhar como assistente no Museu Etnográfico de Berlim. Após seu doutoramento, em 1903, parte em sua segunda expedição ao Brasil, percorrendo os principais afluentes dos rios Negro e Japurá e coletando uma grande quantidade de dados geográficos, linguísticos e etnográficos, além de acumular um considerável número de objetos e artefatos indígenas.

Nesta ocasião, conhece o botânico e fotógrafo alemão George Huebner, com quem manteve uma duradoura amizade por mais de vinte anos e que se tornou um mediador de suas viagens ao Brasil.  De volta à Alemanha em 1905, publicou os resultados de sua pesquisa, ajudando a consolidar sua reputação como etnógrafo. Após um ano ensinando etnologia na Universidade de Freiburg, Koch-Grünberg parte novamente para a Amazônia. Durante os anos de 1911 e 1912, subiu o Rio Branco, escalando o Monte Roraima, passando pela Venezuela, até desembocar em Manaus.

Em 1915 tornou-se diretor do Museu Linden, em Stuttgart, atingindo o ápice de sua carreira científica. Em 1923, antecipando o fechamento do museu por conta da crise econômica que atingiu a Alemanha após a Primeira Guerra, acaba pedindo demissão. Decide então partir novamente para a Amazônia, desta vez acompanhando a expedição do geógrafo americano Hamilton Rice em busca das nascentes do Rio Orinoco. Em 1924, aguardando a chegada do restante da expedição no povoado de Roraima, Koch-Grünberg padece doente, provavelmente de malária, vindo a falecer.

O uso da fotografia por Koch-Grünberg surpreende pela quantidade de imagens produzidas, pelo uso de novas tecnologias que adotou e pelas condições de trabalho que enfrentou, com máquinas pesadas e difíceis de manejar em plena floresta amazônica:

As damas e cavalheiros que, lá na Alemanha, vêem as fotos nas preleções, não fazem idéia das dificuldades com que foram feitas. Uma hora antes de amanhecer revelo as chapas em minha apertada tenda de câmara escura feita de tecido grosso de lã, onde o ar fica logo insuportável. A água com que se mistura o revelador e o banho fixador passou a noite ao ar livre num jarro de cerâmica não vitrificada para esfriar, no entanto ela se aquece rapidamente, pondo a película em perigo. As chapas são lavadas no rio. […] Depois de uma hora, pego as chapas, onde se depositou uma grossa camada de areia, limpo-as cuidadosamente e removo a última sujeira com algodão e água limpa. A seguir eu as penduro em nossa barraca, protegidas da poeira e de insetos por duas camadas de gaze, o mais alto possível, para que mãos abelhudas não possam alcançá-las. Agora o sol e um vento leve precisam aparecer para que a película seque. Então os índios curiosos querem vê-las, eles que têm uma compreensão impressionante dos negativos e fazem seus comentários a respeito dando sonoras gargalhadas.

(…) E, no entanto, fotografar é o trabalho mais proveitoso de uma viagem como esta, e uma boa fotografia muitas vezes diz mais que muitas palavras. (KOCH-GRÜNBERG, 2006, p.302)

O etnógrafo descreve a resistência dos Schirianás* (Yanomami) em serem fotografados:

Montei o aparelho fotográfico grande para fotografar as pessoas isoladamente e em grupos. É evidente que só os preparativos já exercem uma impressão inquietante sobre eles. […] Quando estou sob o pano negro, ajustando o aparelho, manifesta-se um visível terror em seus rostos. Um jovem Schirianá de tipo especialmente característico, que quero levar para diante da câmera, empalidece, treme violentamente e quer fugir. Em vão Mönekaí procura esclarecer às pessoas, com a fotografia de seu irmão Maipalalí, o procedimento inofensivo. Não o compreendem. (KOCH-GRÜNBERG, 2006, p.205)

Os temas fotografados por Koch-Grünberg evidenciam os propósitos buscados em sua etnografia. A grande maioria das imagens, que ultrapassam centenas, demonstram indígenas – das etnias Taurepang, Tukano, Tuyuka, Wapixana, Macuxi, Ye’kuana, Miriti-Tapuya, Pira-Tapuya, Yanomami, Bará, Uanana, Arapaso, Desana, Makuna e Kubeo – fotografados sobre um fundo branco, de frente e de perfil, retratados não como indivíduos mas como tipos ou exemplares étnicos, sem qualquer referência que os contextualizem.

Há uma clara intenção nestas fotografias de aproximar-se de uma antropologia física, condizente com as preocupações etnológicas do autor. A seleção destas imagens foi publicada na forma de atlas tipológico nas obras Indianertypen aus dem Amazonasgebiet (“Tipos de índios da região amazônica” – de 1906, disponível na Biblioteca Nacional) e o quinto volume de Vom Roroima Zum Orinoco (lançado em 1923 e disponível no Arquivo Nacional).

Objetos de uso cotidiano e artefatos também são frequentes em sua obra, fotografados em fundo branco em diferentes ângulos, muitas vezes com detalhes que evidenciam sua finalidade. Um outro tipo de fotografia realizada por Koch-Grünberg, em quantidade bem menor, são os indígenas em cenas cotidianas, caçando com zarabatanas ou preparando alimentos, demonstrando o uso dos mesmos objetos catalogados fotograficamente. Há também fotos de grupos de índios, mostrando os habitantes de toda uma aldeia, sem dúvidas feitas com o consentimento dos retratados e possivelmente para agradá-los.

As fotografias de paisagens e de cenas que ilustram suas condições de trabalho, como as dificuldades em cruzar os rios e com o transportes de materiais, além do etnógrafo em meio aos índios, apesar de raras, também se faziam presentes nas suas monografias. A finalidade deste tipo de imagem seria demonstrar o esforço etnográfico em seu contexto de trabalho de campo, além de afirmar a própria natureza da etnografia.

É evidente a presença de um cuidado estético na composição de suas imagens, porém evidencia-se “[…] o uso que Koch-Grünberg fez da câmera como instrumento de documentação etnográfica, de congelamento instantâneo (e transformação num objeto transportável: uma placa de vidro) daquilo que ele tinha frente aos próprios olhos”, como ressalta o antropólogo e pesquisador de sua obra Erwin Frank (2010, p. 157). Koch-Grünberg considerava a fotografia, assim como o cinema e o fonograma, instrumentos de registro complementares à sua escrita, capazes de mediar uma aproximação do leitor com a experiência vivenciada pelo próprio etnógrafo.

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* O etnônimo schirianá, que Koch-Grünberg supunha referir-se a uma língua isolada, foi posteriormente classificado na família linguística Yanomami. (FARAGE; SANTILLI, 2006, p.18)

REFERÊNCIAS

FARAGE, Nádia; SANTILLI, Paulo. “Introdução”. In: KOCH-GRÜNBERG, Theodor. Do Roraima ao Orinoco, v.1: observações de uma viagem pelo norte do Brasil e pela Venezuela durante os anos de 1911 a 1913. São Paulo: Editora UNESP, 2006.

FRANK, Erwin Henrich. “Objetos, imagens e sons: a etnografia de Theodor Koch-Grünberg (1872-1924)”. In: Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Vol. 5, n. 1, p. 153-171. Belém, jan – abr de 2010.

__________. Viajar é preciso: Teodor Koch-Grünberg e a Völkerkunde alemã do século XIX. Revista de Antropologia, Vol. 48 Nº 2, pp. 559-584. São Paulo: USP, 2005.

KOCH-GRÜNBERG, Theodor. Do Roraima ao Orinoco, v.1: observações de uma viagem pelo norte do Brasil e pela Venezuela durante os anos de 1911 a 1913. São Paulo: Editora UNESP, 2006.

___________. Indianertypen aus dem Amazonasgebiet: nach eigenen aufnahmen während seiner in Brasilien. Berlin: Wasmuth, 1906.

___________. Vom Roroima Zum Orinoco: Ergebnisse einer Reise in Nordbrasilien und Venezuela in Den Jahren 1911 – 1913 / Band III: Ethnographie. Sttutgart: Verlag Strecker und Schoeder, 1923. (disponível aqui)

___________. Vom Roroima Zum Orinoco: Ergebnisse einer Reise in Nordbrasilien und Venezuela in Den Jahren 1911 – 1913 / Fünfter Band: Typen-Atlas. Sttutgart: Verlag Strecker und Schoeder, 1923. (disponível aqui)

SCHOEPF, Daniel. George Huebner 1862-1935: um fotógrafo em Manaus. São Paulo: Metalivros, 2005.

VALENTIM, Andreas. A fotografia amazônica de George Huebner. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2012.

ACERVO

– Coleção Etnográfica da Universidade Phillips – Marburg, Alemanha (originais)

– Stadtmuseum – Grünberg, Alemanha (originais)

– Fundação Biblioteca Nacional (livros)

– Arquivo Nacional (livros)