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Claude Lévi-Strauss


Imagens da expedição que o levou à etnologia



Capa do livro Saudades do Brasil (Cia das Letras, 1994)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Kadiwéu], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Bororo], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França) <br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Bororo], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França) <br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Nambikwara], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Nambikwara], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Nambikwara], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Nambikwara], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Nambikwara], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Nambikwara], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Nambikwara], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Nambikwara], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Mondé], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Mondé], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Mondé], c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)<br/> <br/> CLAUDE LÉVI-STRAUSS<br/> [Índios Tupi-Kawahib] c. 1935-1939<br/> in Lévi-Strauss, 2009<br/> Acervo Musée du Quai Branly (França)

Considerado um dos maiores pensadores do século XX, o antropólogo Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, em 1908. Completou seus estudos escolares em Paris, onde formou-se em direito e filosofia, para depois assumir o cargo de professor de filosofia em um liceu francês, aos 24 anos.

Em seguida foi convidado para lecionar sociologia com a “missão francesa” – composta também por Roger Bastide, Georges Dumas, Fernand Braudel – que viria a fundar a Universidade de São Paulo, em 1934. Aceitou o convite com a prerrogativa de realizar trabalho de campo entre os povos indígenas brasileiros.

Para tanto, planejou algumas viagens exploratórias pelo interior do Brasil. A primeira ocorreu entre os anos de 1935 e 1936 quando visitou as comunidades Kadiwéu e Bororo. À diferença do fotógrafo Mario Baldi, que na mesma época se ocupou em documentar o processo de transformação dos Bororo a pedido dos missionários salesianos, Lévi-Strauss aventurou-se por aldeias mais afastadas, buscando testemunhar os traços culturais que estivessem mais intactos.

Posteriormente, organizou a Expedição Serra do Norte, da qual também participou o antropólogo brasileiro Luiz de Castro Faria, de junho a dezembro de 1938. A expedição se deu pelo Brasil Central, com o apoio do Museu do Homem (França), entre os Nambikwara, Mundé e Tupi-Kawahib. A experiência de campo no Brasil foi a grande responsável pela sua passagem da filosofia à etnologia.

Essas expedições geraram mais de 3.000 imagens, muitas das quais foram publicadas, principalmente, em Saudades do Brasil (Cia das Letras, 1994) – um livro fotográfico que registra não apenas a expedição às aldeias indígenas, mas também cenas do interior do Brasil, São Paulo e Salvador.

Algumas imagens também foram inseridas no livro Tristes Trópicos, publicado originalmente na França (1955), e lançado aqui em 1995 pela Cia das Letras. Trata-se de um relato literário sobre sua experiência no Brasil, tanto entre os índios como em outras regiões do pais. As imagens apresentadas nessas obras estão sob a guarda do Musée du Quai Branly, na França.

Saudades do Brasil é composto por 176 fotos em preto-e-branco do autor, revisitando a jornada do jovem etnólogo obtidas na sua maioria com uma câmera Leica. As fotos estão editadas em uma seqüência que parte da cidade de São Paulo passando por Pirapora, Pico do Itatiaia, Paraná, Santa Catarina, tribos Kadiwéu, Bororo, Nambikwara, Mundé, Tupi-Kawahib, terminando com a série que o autor denomina “O Retorno”. Segundo Luiz Eduardo Achutti,

Lévi-Strauss revela ter domínio técnico e uma boa noção de composição e equilíbrio em suas imagens. Os negativos, de um modo geral, apresentam-se bem conservados e por isso puderam resultar em boas ampliações feitas por Matthieu Lévi-Strauss, a quem o Claude Lévi-Strauss dá a coautoria do livro. É bem verdade que não se pode saber se todas as fotografias apresentadas estão com seu recorte original ou foram retrabalhadas na ampliação. Algumas que apresentam uma acentuada granulação em relação às demais poderiam sugerir isso. (1995:258)

De acordo com Christian Feest e Viviane Luiza da Silva, assim como Mario Baldi, Lévi-Strauss prestou atenção especial aos rituais funerários, à cultura material da organização social e, por meio de retratos, à representação antropométrica comum às expedições da época. Para os autores, as fotografias tomadas por Lévi-Strauss são em grande parte relacionadas aos tópicos de sua pesquisa e, sendo assim, priorizam ilustrar o relato das informações coletadas no seu trabalho de campo (Feest & Silva, 2009-10:188).

Para Achutti, apesar do intervalo de quase 40 anos, Saudades do Brasil revela-se como um complemento a Tristes Trópicos, de 1955 – que Lévi-Strauss publicou 15 anos após seu retorno à França. Em Tristes Trópicos o autor afirmava que “a evocação de recordações com 20 anos de idade é semelhante à contemplação de uma fotografia amarelecida. Quando muito pode ter um interesse documental”. Apesar de sua afeição passageira pela fotografia “o autor confessa que depois desse período brasileiro deixou de lado a técnica fotográfica” (Achutti, 1995).

Sylvia Caiuby Novaes (1999) sugere que o desdém que Lévi-Strauss tinha por suas fotografias era análogo ao que conferia aos seus relatos de viagem. Segundo a antropóloga, para Lévi-Strauss fotografias eram consideradas documentos que, por mais belas que fossem, faziam parte de uma arte menor (Novaes, 1999). Em Saudades do Brasil afirmou que: “documentos fotográficos me provam sua existência, sem testemunhar a seu favor, nem torná-los sensíveis a mim” (Lévi-Strauss, 1994:9).

Apesar das considerações de Lévi-Strauss sobre sua produção fotográfica, seu acervo é considerado uma preciosidade, não somente por seu valor documental, mas, como sugere Sylvia Caiuby, “o Lévi-Strauss etnólogo não chega a perceber a grandeza de suas fotos, a sensibilidade que elas denotam e que nos levam a conhecer e pensar” (Novaes, 1999).

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REFERÊNCIAS

ACHUTTI, Luiz E. R. “Resenha Tristes Trópicos”. In: Horizontes Antropológicos, Ano 1, n. 2, p. 257-259. Porto Alegre, jul./set. 1995

FEEST, Christian & SILVA, Viviane Luiza da. “Between Tradition and Modernity: The Bororo in Photographs of the 1930s”. Archiv für Völkerkunde 59-60 (2009-2010): 167-202.

FREITAS, Carolina de Castro Barbosa de. “Perspectiva visual de Lévi-Strauss sobre os índios do Brasil”. In: Anais do Seminário Nacional da Pós-Graduação em Ciência Sociais – UFES, v. 1, n. 1. Vitória, 2011.

ERIBON, Didier & LÉVI-STRAUSS, Claude. De perto e de longe. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Saudades do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

NOVAES, Sylvia Caiuby. “Lévi-Strauss: razão e sensibilidade”. In: Rev. Antropol. v.42 n.1-2. São Paulo, 1999.

ACERVO

– Musée du Quai Branly (Paris, França)